No dia 7 de setembro de 2012, dia da Independência do Brasil, o rádio fez 90 anos de bons serviços prestados ao país. Efetivamente, no dia 7 de setembro de 1922, um grande evento foi organizado para a comemoração do centenário da Independência do Brasil e como parte das comemorações, duas estações de pequena potência foram montadas pelas companhias americanas Westinghouse e Western Eletric: a SPC, Rádio Corcovado e a Western Eletric, Rádio da Praia Vermelha. Junto com as estações, 80 aparelhos receptores foram distribuídos nas praças públicas de Niterói, Petrópolis e em São Paulo para que o povo pudesse acompanhar as transmissões.
Durante o evento, alto falantes tocavam músicas e irradiavam os discursos das autoridades presentes, entre elas o Presidente Epitácio Pessoa. Entretanto, o som distorcido proveniente da má qualidade dos equipamentos, juntamente com o ruído característico da multidão que ali estava, terminou não despertando o interesse das pessoas presentes. Apenas poucos, puderam perceber a potencialidade da radiodifusão.
Em vista disso, logo depois das comemorações, o transmissor da Rádio Corcovado foi desmontado e enviado para os Estados Unidos e o da Praia Vermelha teria o mesmo destino se o Governo brasileiro não tivesse comprado para utilizá-lo no serviço de radiotelegrafia.
Entre os que acreditaram no futuro do experimento estava Edgard Roquette-Pinto, médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta brasileiro, que iniciou um movimento, junto ao então presidente da Academia de Ciências, Henrique Morize, para implantar o rádio no Brasil.
No ano seguinte, mais precisamente no dia 20 de abril de 1923, Roquette-Pinto e Henrique Morize fundaram a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro com o prefixo SQA-A. A primeira transmissão ocorreu no dia 1º de maio às 20 h 30m, numa sala da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, com o equipamento de radiotelegrafia trazida pela Empresa americana Western Eletric quando da ocasião das comemorações do centenário de Independência do Brasil e comprada pelo governo brasileiro.
Após a implantação da emissora, Roquette-Pinto viu-se à frente de mais uma batalha: a de mudar a legislação vigente no país, no sentido de legalizar os serviços de radiofusão. Na época, o cidadão não poderia ter um aparelho receptor em casa, a legislação proibia a prática da telefonia sem fio e a polícia apreendia os receptores na casa das pessoas denunciadas.
Essa batalha seria vencida pelos precurssores do rádio quatro meses depois da implantação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Precisamente no dia 20 de agosto, o presidente Arthur Bernardes autorizava oficialmente as transmissões de rádio para fins educativos. A Rádio Sociedade, então, passa a se constituir num círculo onde a intelectualidade se encontrava para discutir e trocar idéias não só científicas como também educativas e culturais recebendo visitantes ilustres como Einstein, Madame Curie, Paul Hazard, General Ferrié, dentre outros.
Em 1936, também no Rio de Janeiro, foi criada outra emissora: A Rádio nacional. No dia 12 de setembro, a Rádio passava a transmitir “A Hora do Brasil”, utilizando o prefixo PRE-8. Também neste ano, Roquette-Pinto, doa ao governo, especialmente ao Ministério da Educação e Saúde, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, impondo condições para que a Rádio transmitisse apenas transmissões educativas e culturais e não praticasse proselitismo de qualquer espécie: comercial, político ou religioso.
Na década 30, grandes transformações políticas, sociais e econômicas ocorreram no Brasil e no mundo como o aparecimento da classe média, a Revolução de 30 e a Revolução Constitucionalista de 32, os movimentos da classe operária, “O Crack da Bolsa de Nova York”…, fazendo com que o papel do rádio passasse a ter uma importância fundamental não só na transmissão dos fatos diários com também transmitindo as notícias do front.
Em 1938 é criada “A Voz do Brasil”e em 1941, o “Repórter Esso” constitui-se num marco do jornalismo radiofônico brasileiro.
Na década de 70, surge o Projeto Minerva. Na oportunidade, a Rádio MEC transmitia em cadeia cursos de 1º grau com a complementação de material impresso. Logo depois o projeto foi ampliado também para os cursos do 2º grau.
No dia 16 de dezembro de 1978, o presidente Geisel assina a Lei nº 6.615 dispondo sobre a regulamentação da profissão de Radialista, que até então ainda não havia sido regulamentada.
Hoje, vivenciamos a “Era da Informação”, onde as inovações tecnológicas e suas múltiplas aplicações na área das comunicações tornam-se cada vez mais evidentes. Entretanto, o rádio jamais perdeu o seu espaço, pelo contrário, sua missão de fazer circular a informação, aliando-se às novas tecnologias, como a rádio digital, por exemplo, se fortaleceu adquirindo uma importância ainda maior na missão de informar, um dos principais bens, direitos e instrumentos da sociedade para a compreensão da realidade.
Autor: Zel Pinto
*Escritor, economista, professor do curso superior e aluno do curso de radialismo da UNIRB.
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