Aprisiona-te na tua cela
Quando me feres
Como um carrasco sedento de vingança
Tens medo da tua própria sombra
O cadáver insepulto
Da intolerância da qual foste vítima em dias pretéritos
é hoje como nos dias de Tito um fantasma revivido no teu existir
já não existe a Fortaleza Antonia
Eis porque sou banido na minha própria terra, e,
Sou escravo do meu ladrão
A minha terra ferida e
a carne dilacerada das criancinhas
Pelos estilhaços das tuas metralhadoras e das tuas bombas de destruição em massa denunciam o teu medo,
o teu assombro ante a possibilidade de PAZ
Os meus olhos de pânico denunciam a tua aflição
Enxota-me da minha terra que é minha
desde os destroços do teu Templo
Retalha-me em pedaços porque me teme,
Porque só te importas com a tua expansão descomunal
O mais assustador é que as nações assistem a tudo impassíveis
Nega-me e me persegue, mas apesar da indiferença
das cumplicidades dos que antes,
disfarçadamente foram cúmplices dos teus algozes
Sobrevivo e luto
Sobrevivo e luto
Na dor e no sangue vou construindo o meu destino e
A tua inexorável condenação.
Feira de Santana, 07 de março de 1980
Autor: Miguel dos Santos Cerqueira – Defensor Público titular da Primeira Defensoria Pública Especial Cível- Coordenador do NUDDEH, Colaborador da Justiça Global e Anistia Internacional.
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