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terça-feira, 10 de maio de 2011

“Se não houver uma proposta satisfatória do governo aos delegados quem vai pagar é a população”

A situação das delegacias do Estado é caótica. Essa é a  visão do presidente da Associação dos Delegados de Polícia, delegado Kássio Viana. Há quase duas semanas os delegados estão mobilizados, realizando várias ações para chamar a atenção do governo do Estado para as condições de trabalho e também para os salários defasados.  Hoje ele falou sobre esta situação ao jornalista André Barros no Sergipe Notícias.


Superlotação das Delegacias - Logo no início da entrevista, André Barros perguntou a opinião do delegado a respeito das denúncias de que os três presos da “operação Arremate” que estão no Cope estariam sendo privilegiados: “Nós entendemos que somente se tirarem os presos de uma vez por todas das delegacias, esse tipo de especulação deixa de existir. A gente já vem cobrando isso desde o governo passado. Para você ter idéia Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais e São Paulo, já retiraram. As delegacias já são construídas sem cela. Eu tenho relato de colegas e infelizmente tenho que dizer que na delegacia de Lagarto, tem mais cela do que salas para delegados investigadores, inclusive”, comentou Kássio Viana.
O apresentador comentou sobre a questão de Cedro de São João. “Tem 20 presos e dois policiais, e isso, André, coloca a população em risco. Se acontecer um resgate de presos eles não tem condições de enfrentar essa situação. Em Cedro, por exemplo, só temos um delegado e um escrivão, se tiver um assalto a banco com mais de duas pessoas a gente orienta que os policiais fiquem na delegacia. Em todo o mundo, para se fazer uma operação segura, tem que ser três policiais para um bandido, então, se for mais de duas pessoas no assalto a gente orienta que eles fiquem para não correr riscos, afinal, uma operação perfeita é aquela em que ninguém morre e se alguém tiver que morrer de preferência que não seja o policial”.
O delegado alertou: “Custódia de presos não é nossa função as delegacias não podem ficar lotadas, se algum lugar é para ficar superlotado que seja o sistema penitenciário”, enfatizou.  “O governo tem que se antecipar aos fatos e não corrigir tem que construir celas no sistema carcerário prevendo a quantidade de presos”, comentou.
Conversa com o governo - André Barros perguntou a Kássio Viana se o governo já  recebeu os delegados “ Hoje uma equipe do governo deve nos receber e estamos aguardando e , pacientemente, nós temos responsabilidade. Caso Não haja uma proposta satisfatória do governo quem vai  pagar  é a população”,  informou o delegado .
Onde estão os 143 delegados? O apresentador do Sergipe Notícias perguntou ao presidente da Adepol, Kássio Viana como é que tem déficit de delegados se em Sergipe temos 143 delegados. Ele respondeu: Temos policiais civis que nunca pisaram na secretaria de segurança publica, mas especificamente sobre os delegados, há uma explicação. Na verdade nós temos dois colegas afastados por motivos de saúde e eu que estou à frente do Sindicato. Desses 142, tem os delegados da cúpula, os que estão afastados por outros motivos, as mulheres em licença a maternidade e os delegados em férias. Se o cronograma está mal distribuído a Secretaria é que reorganize.  O delegado civil de Brasília é quem puxa. Nós precisamos de mais 36 delegados de polícia e não temos plantonistas no interior”,  informou.
Salário Defasado - Os delegados reclamam que além das condições, os salários estão defasados  E a categoria pede equiparação as carreiras de juízes e promotores. “Quando você equipara as carreiras jurídicas, você pode encontrar profissionais motivados e por vocação. Estamos perdendo diversos colegas para o judiciário que, mesmo gostando da polícia, fazem outros concursos em busca de melhores salários e condições. Nós éramos no final de 2006 o quinto melhor salário do Brasil. E o governador deu um aumento grande aos policiais civis e militares que passaram a ter o melhor salário do país e de lá para cá não tivemos mais aumento. O delegado trabalha desanimado, desestimulado isso só atrapalha as investigações”, concluiu. (Pedro Carregosa).

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