Uma tarde de emoção, lágrimas, alegria e esperança. Assim pode ser descrito o retorno do Projeto Esperançarte neste fim de semana. As 110 crianças e adolescentes em situação de risco assistidos em casas de acolhimento da capital estiveram no Centro de Criatividade para assistirem o vídeo da peça “Saltimbancos” apresentados por eles próprios no dia 17 de junho no Teatro Tobias Barreto, depois de uma rotina de seis meses de aulas de dança, teatro e música e muitos ensaios.
“Este projeto idealizado pelo Núcleo de Apoio a Infância e Adolescência ( Naia) do Ministério Público Estadual, com apoio de entidades parceiras e patrocínio da Petrobrás tem vários objetivos, resgatar a cidadania, dar lazer a estes meninos e meninas no final de semana e buscar o olhar sobre eles da sociedade de uma forma geral. A apresentação do espetáculo e o sucesso que foi comprovou que eles são jovens como qualquer outros e por isso não precisam ser olhados com qualquer tipo de preconceito, com certeza, foi um resultado positivo”, avalia a coordenadora do Naia, a promotora de Justiça Miriam Tereza Cardoso Machado.
A aula começou com a palavra da coordenadora do projeto a atriz e bailarina Tetê Nahas e do professor de teatro André Santana, que relembraram um pouco do que eles viram e explicaram as peças do grupo de teatro Ponto de Partida( MG) que se apresentou no fim de semana passado no Teatro Tobias Barreto e que foram vistos pelos alunos do projeto Esperançarte. “ Gostei muito das duas peças do ponto de partida, o teatro é uma arte linda” , afirmou Manuela* de 7 anos com um sorriso nos lábios e perguntando: “ Tio, quando é que vou me ver no telão?”.
Este momento a que a pequena Manuela* se referiu, veio em seguida. Foi exibido o vídeo da apresentação deles no Teatro Tobias Barreto, com depoimentos dos próprios e de outras pessoas antes e depois do processo “É importante para eles, primeiro eles chegaram aqui sem saber o que era arte, foram vivenciando, carentes de aplausos, receberam este carinho e este retorno de serem vistos, agora eles se viram e tem a certeza de que podem mudar comportamentos e atitudes e seguirem em frente. Sei que para muitos ainda é difícil, mas encaro como primeiro passo”, comentou a atriz e bailarina Tetê Nahas, coordenadora do projeto Esperançarte.
A opinião de Tetê é compartilhada pela educadora Adria Maria que trabalha no Projeto Esperança e que percebe mudanças no comportamento das meninas “ Elas
estão mais entusiasmadas para a vida e com vontade de participar de outras atividades e isso é bom para elas” informou. O educador Marcio Geovany do Lar Isabel Abreu, vinculado a Fundação Renascer também percebeu mudanças em algumas meninas “Aquelas que participaram com mais afinco estão mais concentradas em seus objetivos e diria que até mais calmas”.
Uma das acolhidas na instituição e antes arredia as atividades, a Tiana*, hoje, se diz satisfeita “Estou muito feliz, foi muito bom ver que eu consegui dançar e quero mais”. Outra adolescente, a Alessandra em sua simplicidade disse apenas que estava “Sem palavras”, com
certeza foi um silencio que disse muito. Marisa* de 17 anos, muito emocionada, comentou “A gente começou do nada e de repente se transformou naquilo que vi na tela e fiquei mais impressionada é que a história dos “Saltimbancos”, parece muito com a própria história nossa que moramos em casas de acolhimento. Como eles que deixaram suas casas em busca de um mundo melhor, da cidade que os apóiam, assim também somos nós, em busca de ideais e nós conseguimos, estou muito feliz”, finalizou.
*Os nomes dos adolescentes são fictícios, eles não podem ser identificados por estarem em situação de vulnerabilidade (Pedro Carregosa).
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