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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

0 BRASIL EM TEMPOS DE TRAGÉDIAS E FARSAS

"A imprensa é tão poderosa no seu papel de construção de imagem que pode fazer um criminoso parecer que ele é a vítima e fazer a vítima parecer que ela é o criminoso. Esta é a imprensa, uma imprensa irresponsável. Se você não for cuidadoso, os jornais terão você odiando as pessoas que estão sendo oprimidas e amando as pessoas que estão fazendo a opressão.” Malcolm X

                
 "Idiotés" é um vocábulo de origem grega que guarda semelhança com a palavra latina 'idiota". Ocorre que no seu original grego "idiotes",  do qual a palavra foi transportada para o latim e daí para o português, idioma falado no Brasil, a palavra não tem o significado de tolo ou apalermado, mas de individuo fora da realidade, ilhado, distante da comunidade.


Nos dias presentes algumas manchetes que têm estampado as paginas dos jornais, noticiários de televisão e também de emissora parecem quer subverter o significado do vernáculo latino.

De fato os jornalistas, redatores de jornais e radialistas que se propõem a divulgar determinas notícias se tem na conta de idiotas no sentindo grego da palavra ou então nos têm a nos todos seus ouvintes, leitores e telespectadores na conta de idiotas no sentido latino ou português da palavra.

A propósito do asseverado se tem a notícia divulgada por um dos grandes jornais do estado de São Paulo e repercutida irrefletidamente por jornais e emissoras de rádio e televisão de todo o país. A notícia dizia respeito à contratação já quando da saída do Ministério pelo então ministro da saúde de uma ONG pertencente ao seu pai para operar programas da pasta.

A ONG referida tratava-se da KOINONIA PRESENÇA EUMÊMICA E SERVIÇO, organização com sedes no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, fundada em 1.994, por entre outros Betinho, o irmão do cartunista Henfil, aquele individuo que incansavelmente empreendeu campanhas de combate a fome, mas também  por outros cidadãos católicos e de Igrejas protestantes históricas.

A ONG que se viu envolta por intensa campanha difamatória editou por muito tempo uma revista mensal que tratava de diversos assuntos, notadamente, econômica e política, tratava-se da Revista "Tempo e Presença" . Ainda hoje a organização que fora vítima de insidiosa campanha por parte de jornalistas idiotizados, que no afã de destruir as possibilidades eleitorais do ex-ministro,  a soldo de políticos e empresários de má-fé, não se deram o cuidado de pesquisar acerca da seriedade e da veracidade dos fatos que divulgavam.

Esclareça-se que a organização desde a sua fundação tem contrato com todos os governos estaduais e federais que ocuparam os palácios. Os membros da ONG, na sua maioria militantes de organizações cristãos têm em conta e acreditam apenas na prática do bem. São cristãos autênticos, a exemplo daqueles relatados nos "Atos dos Apóstolos", "que tinham tudo em comum, repartiam os seus bens e não haviam pobres entre eles".

A ONG que a imprensa tentou destruir com a divulgação de notícias mentirosas é responsável por campanhas em defesa dos direitos de indígenas, quilombolas, portadores do vírus HIV e de outros segmentos da sociedade civil.

De fato se a jornalista se desse ao cuidado de pesquisar, sem não fosse movida pelo ódio ou então se não andasse nas nuvens, isolada do mundo real, da comunidade e da civilização, como um idiota no sentido grego da palavra, não teria a estupidez de querer atingir quem efetivamente prestar serviços aqueles a quem a sociedade vira o rosto. Por outro lado, inadmissível, uma vez constado o erro, não se divulgar pedido de desculpas. Tal só acontece visto que os homens de imprensa, do chamado quarto poder, se acharem auto-suficientes, acima do bem e do mal, idiotas no sentido grego da palavra e acreditarem que todos nós, o grosso da sociedade somos uma multidão de idiotas no sentido latino do termo, que não detemos qualquer espécie de conhecimento a não ser aquele divulgado pelos pasquins e emissoras de rádio e televisão.

 Sem dúvidas vivemos em uma sociedade de farsantes, um verdadeiro circo, na qual alguns idiotas no sentido grego da palavra nos vêem a todos como bobos da corte.

De fato a sociedade farsesca em que vivemos é de tal magnitude que nem mesmo o grande dramaturgo Jean Baptiste Poquelin, o Moliére, com as suas peças seria capaz de criar comédias como a que desde ontem, 05 de fevereiro de 2014, vem divulgando os jornais e televisão acerca do "arrependimento" de uma médica cubana, que se diz enganada quando ingressou no Programa Mais Médicos e embarcou de Cuba rumo para ao Brasil.

A respeitável senhora, que quarda muita semelhança com aquela senhora retratada por Friedrich Dürrenmatt, o dramaturgo suíço, na sua obra prima, uma das maiores da dramaturgia mundial, Clara Zahanassían.

No caso específico da senhora médica cubana, a vistosa e incorruptível "Isis"  serve de instrumento de propaganda contra o  Programa Mais Médicos,  é petrecho que se presta a desmoralização  do programa que é bem avaliado e querido pela população,  a serviço de partidos políticos, DEM, PPS e PSDB, agremiações que advogam um modelo de saúde privada, no formato do modelo neoliberal, modelo no qual a saúde e as doenças são mercadorias para enriquecimento e lucro fácil de empresas de medicinas e profissionais médicos, com sua postura que mal consegue disfarçar a desfaçatez.

A trama elaborada por políticos, na sua maioria médicos e proprietários de hospitais, elementos notoriamente de Direita, que se colocaram contra o Programa desde a sua gestação, tem o único objetivo de desconstrução de um modelo que permita o acesso de grandes contingentes de pobres aos serviços de saúde. Esses políticos que aliciaram a senhora para seus nefandos objetivos não têm qualquer preocupação com as condições de trabalho e possíveis vícios da contratação dos profissionais médicos cubanos, o que eles querem é ver a população desassistida, promovendo quebras-quebras nas portas de hospitais, produzindo notícias que lhes permitam tirar proveito político eleitoral da situação.

Destarte, no caso da médica cubana, que se encontra alojada no gabinete de um médico/deputado do DEM, a mesma igualmente a Clara Zahanassían, a personagem de Friedrich Dürrenmatt traz em si o desejo de vingança, quando a "velha senhora" se propõe a desmoralizar o programa elogiado pela grande maioria dos seus compatriotas e pela população beneficiada não o faz movida por qualquer sentimento puro, mas corrompida por interesses escusos de farsantes, de idiotas no sentido grego do termo. A suposta audácia da senhora demonstra muito como é possível fingir e enganar, como o dinheiro corrompe a alma humana.

Inequivocamente estamos a viver tempos de tragédias e farsas. Isto é o que está acontecendo no Brasil, na cidade e no campo. De um lado temos os farsantes que elaboram a trama, idiotas no sentido grego da palavra. Do outro lado os espectadores da trama, a tragédia ou farsa, que são tidos com idiotas no sentido latino da palavra, ou sejam, os eternos bobos da corte.


Por: MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA, Defensor Público, titular da Primeira Defensoria Pública Especial Cível do Estado de Sergipe, Coordenador do Núcleo de Defesa de Direitos Humanos da Defensoria- E-mail: migueladvocate@folha.com.br

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