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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Defensoria Pública repudia violência contra menores praticada por policial civil

A Defensoria Pública do Estado de Sergipe, através do Núcleo da Criança e do Adolescente, repudia, veementemente, os fatos ocorridos com dois adolescentes e veiculados através das redes sociais e da imprensa no último dia 5.  Os menores aparecem em um vídeo em situação de constrangimento e humilhação em uma delegacia de polícia de Aracaju.


A coordenadora do Núcleo da Criança, Andreza Tavares, afirma que a violação aos direitos preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA- foi latente, expondo os adolescentes apreendidos por suposto cometimento de ato infracional ao ridículo, ao vexame e à humilhação. “Não é possível permitir que, num Estado Democrático de Direitos, onde a dignidade humana é o fundamento da República Federativa do Brasil, agentes estatais que deveriam assegurar esse direito, colocando a salvo crianças e adolescentes de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, sejam aqueles que firam de morte a Constituição Federal”, disse.  

Para a defensora pública, o vídeo veiculado imputa aos adolescentes medo e incrusta em suas mentes a idéia de que são infratores e que nada podem fazer para mudar essa realidade. “Em sentido contrário ao ocorrido, lutamos diariamente junto aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa, pois nosso objetivo é fazer cumprir o fim precípuo a que a medida socioeducativa se destina, a saber: a ressocialização”, enfatiza.

“Ver uma atitude como esta, vinda de policial civil, é revoltante e demonstra o completo descaso para com as legislações do nosso país. Não é imputando medo nem submetendo adolescentes à humilhação que conseguiremos ressocializá-los, retirando-os da prática de atos infracionais”, reprova Andreza.

Para Andreza Tavares, a causa que os leva ao cometimento de atos dessa natureza deve ser analisada e questionada “Vai muito além do simples querer e poder fazer. Vem do meio em que se vive, das desigualdades sociais, da falta de políticas públicas e da desestrutura familiar em que, muitas vezes, são inseridos esses adolescentes”, ressalta.

Ainda, de acordo com a defensora pública, o medo e a imputação de que são infratores como uma verdade irrevogável fere todo o mister do sistema socioeducativo previsto no SINASE. “Essa atitude precisa ser rechaçada e punida, para que situações outras não se repitam. Aguardamos providências da Corregedoria da Policia Civil e do Ministério Público, para apuração de infrações administrativas e criminais cometidas pelo policial envolvido”, apela.


O Núcleo da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública está à disposição das famílias dos adolescentes para quaisquer esclarecimentos e tomada de providências. O Núcleo fica localizado na Avenida Barão de Maruim, 94, Centro. 

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