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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Família de jovem que morreu no Huse procura a Defensoria Pública e clama por justiça

Certidão de óbito atesta apenas falência múltipla dos órgãos, mas a causa da morte ainda é desconhecida

Andreza dos Santos morreu na UTI do Huse


Edvânia Melo da Silva, ex-cunhada da jovem Andreza dos Santos de apenas 18 anos que morreu no último domingo (17) na UTI do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) – com causa de morte desconhecida – disse que a família já entrou em contato com a Defensoria Pública de Sergipe para orientação jurídica e que poderá entrar com uma ação judicial.
Segundo Edvânia Melo, a família deseja que todas as dúvidas sejam esclarecidas e que a justiça seja feita. “Procuramos o defensor público Dr. Alfredo Carlos Nikolaus para que ele nos orientasse. Eu e o irmão de Andreza solicitamos uma cópia do prontuário médico. O caso tem que ser apurado com responsabilidade e, se houve negligência, o Estado tem que ser responsabilizado, pois o que não pode é ficar impune, afinal, perdemos uma menina inocente, uma pessoa boa, alegre, responsável, um anjo”, se emociona.
O enterro de Andreza, ocorrido na tarde do último dia (18) no Cemitério São João Batista, foi marcado por muita comoção e tristeza. “Como pode uma menina dar entrada em um hospital falando normalmente, sentindo apenas febre, dores e de repente estar aqui hoje sendo enterrada? E o pior de tudo é não saber qual a causa da morte dela – É lamentável que uma pessoa passe 14 dias em um hospital sem ter um diagnóstico. Quantas pessoas, assim como ela, morrem à míngua num leito de um hospital público? É preciso que os governantes façam alguma coisa, pois pagamos impostos para ter uma assistência digna à saúde”, indigna-se Edvânia.
Ainda, segundo a ex-cunhada, Andreza deu entrada no dia 3 de Abril no Hospital Nestor Piva com sintomas de febre e dores no corpo, mas falando e andando normalmente. No mesmo dia o Nestor Piva pediu ao Samu que a levasse para o Huse sob a alegação de dengue hemorrágica. Já na Ala Azul do Huse informaram que a jovem iria apenas receber sangue, uma vez que as plaquetas estavam baixas. Logo uma enfermeira pediu que ela fosse transferida para a Ala Vermelha, pois o seu quadro era delicado. “Antes de ser transferida, Andreza apresentava apenas fraqueza, mas falando com todo mundo. A partir daí não pude mais vê-la, pois não era permitida a entrada na Ala Vermelha. No outro dia recebemos a notícia de que ela estava na UTI, mas ninguém informava o que ela tinha de tão grave. Eu a visitava todos os dias, mas nenhum médico informava o diagnóstico, só falavam apenas que era grave. No quadro onde constam nomes dos pacientes que deram entrada na UTI, data e diagnósticos só constava apenas o nome dela e a data de entrada, e assim permaneceu até o dia que ela morreu”, relata Edvânia.
Dúvidas e sofrimentos tomam conta da família de Andreza, que insiste em obter um diagnóstico. “Ninguém se conformava com as respostas dos médicos, era um sofrimento não saber o que ela tinha. Descartaram a dengue hemorrágica e suspeitaram de leishmaniose (calazar), mas informavam que estavam  aguardando o resultado dos exames, exames esses que nunca chegavam. Procurei o diretor do hospital, Dr. Francisco Claro e o mesmo informou que estava sendo feito tudo, que precisava colher um líquido da medula, mas que não foi necessário por se tratar da hipótese de um médico. Ela recebia sangue todos os dias,  mas a cada dia o seu quadro se agravava chegando ao ponto de ficar completamente inchada e expelindo sangue. Andreza ficou completamente irreconhecível, por isso acreditamos na justiça de Deus e dos homens, e temos certeza que o defensor público fará de tudo para apurar o caso”, espera Edvânia.
“É lamentável que o hospital, por intermédio da assessoria de comunicação, justifique a negligência ao dizer por meio da imprensa que ela chegou em estágio terminal. Ora, como uma pessoa que chega caminhando e falando está em estágio terminal?” revolta-se.
Orientada pelo defensor público, a família já solicitou o prontuário no Huse, mas segundo Edvânia,foi informada pela recepcionista que este só estaria pronto no prazo de 45 dias. “Eles pediram para ligar com 45 dias para ver se está pronto. É estranho que um prontuário só esteja pronto nesse prazo, uma vez que estes são feitos quando o paciente está no hospital”, disse Edvânia. 
Segundo o defensor público, Alfredo Nikolaus, a Defensoria Pública vai verificar a viabilidade do caso e analisar todas as conseqüências jurídicas. “A saúde é um direito de todos e um dever do poder público. A Defensoria Pública como instrumento de defesa da população carente sempre atuará na preservação dos direitos fundamentais das pessoas que mais precisam. No presente caso iremos analisar os fatos, sua viabilidade e conseqüência jurídica”, enfatizou.

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