Um sentimento total de indignação tomou conta do plenário da Assembleia Legislativa na sessão histórica desta quarta-feira (15). Liderada pelo deputado Francisco Gualberto (PT), a reação à atitude do Sintese (Sindicato dos Professores do Estado), que queimou em praça pública bonecos que simbolizavam cada um dos 17 parlamentares governistas que apoiaram o projeto de reajuste salarial do magistério, foi contundente e esclarecedora, envolvendo todos os integrantes da bancada de situação. “Nosso desagravo não é contra os professores. É contra a direção do Sintese”, avisou Gualberto.
O deputado lembrou que simbolicamente o sindicato transformou em cinzas os deputados que sempre apoiaram suas reivindicações e que mais uma vez votaram a favor de um reajuste salarial, mesmo que parcelado. “A nossa bancada não cometeu pecado algum. Votamos com convicção no único projeto que garante o pagamento integral do piso dos professores no Brasil. E eles sabem disso”, afirmou. “Mesmo não sendo o projeto que agrade ao Sintese, mas não votamos para tirar nada dos professores”.
Durante quase duas horas de discursos na tribuna, contando com os apartes de todos os parlamentares da bancada governista, Gualberto enfatizou várias vezes que a atitude do Sintese foi desleal e desrespeitosa com o parlamento. “É uma injustiça, uma ingratidão de quem agora transforma adversários históricos em aliados”, disse. “O pecado que cometemos foi votar favorável a num projeto que garantisse o reajuste do piso dos professores?”, indagou o líder.
Convicto, Francisco Gualberto disse ainda que nunca antes havia partido para o enfrentamento ideológico e político contra alguém que se diz de esquerda, como ele. “Entendo que quando a gente se confronta, fortalece o adversário. Por isso, em todas as vezes que o Sintese foi atacado aqui nesta Casa, o líder do governo fez a defesa dos trabalhadores. Muitas vezes enfrentando duros discursos da oposição. Mas não me arrependo pelo o que fiz”, afirmou o petista. “Por isso ninguém de bom senso identifica qualquer tipo de traição agora. Nunca fiz nenhum gesto que não fosse para ajudar aos professores em sua luta”.
Um por um, Gualberto citou os vários avanços salariais conquistados pela categoria nos últimos quatro anos do governo Marcelo Déda. Em geral, os reajustes concedidos aos professores superaram todos os índices de inflação do período. Mesmo assim, a atual direção do Sintese achou por bem tentar desmoralizar os parlamentares governistas queimando-os em praça pública como traidores. “Não acredito que o Sintese pensou que todos nós deputados seríamos covardes e não reagiríamos”, frisou o líder do governo, salientando que a única contradição entre governo e sindicato era em relação à forma de pagamento do piso salarial.
“Sim, porque o pagamento está garantido pelo nosso governo. Só que parcelado, por conta da situação financeira do Estado, como foi mostrado a todos nós pelo próprio governador”, salientou Gualberto. “Portanto, não acredito que essa direção do Sintese vá procurar nunca mais nenhum dos 17 deputados queimados como Judas para reivindicar qualquer outra coisa que interesse aos professores. Não deixaremos de dialogar com os professores, mas acho difícil alguém da direção entrar nesse caminho. Até porque, para eles nós já morremos e viramos cinza”.
Toda a celeuma foi causada porque a direção do Sintese não aceitou a aprovação de um projeto do Executivo que garante aos professores do nível I o pagamento imediato do piso reajustado em 15,86%, além dos 5,7% linear. Já os demais professores receberão o mesmo reajuste de 15,86% parcelado em oito vezes, sendo retroativo a janeiro desse ano. E para simbolizar o repúdio dos parlamentares ao ato da fogueira, o deputado Francisco Gualberto propôs um brinde entre os deputados com água mineral. “Àqueles que tocaram fogo nas imagens dos deputados, sintam-se banhados por essa água limpa e positiva. É assim que nós queremos tratar as pessoas”, disse, garantindo que a Assembleia Legislativa irá reagir de todas as maneiras possíveis aos ataques desrespeitosos do Sintese. (Por Gilson Sousa).
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