Raimundo Veiga explanou a situação atual |
Foi realizada na manhã de hoje,
3, uma sessão especial na Câmara Municipal de Aracaju para mostrar a realidade
da Defensoria Pública do Estado de Sergipe e suas atribuições. A
indicação foi da defensora pública e vereadora Emília Correa (DEM), que
destacou a necessidade da autonomia financeira e a ampliação do quadro de
defensores públicos.
Emília Correa falou da autonomia financeira |
Emília Correa disse que os
defensores públicos não estão na mesma estrutura financeira dos promotores e
juízes. “O déficit de defensores públicos têm gerado muitos problemas à
população, que necessita de assistência judiciária gratuita. Nas questões muito
relevantes como a estrutura e carreira jurídica que incluem juízes e
promotores, os defensores públicos ainda não estão no mesmo patamar financeiro.
A autonomia financeira das Defensorias Públicas precisa acontecer no Brasil e
precisa acontecer em Sergipe. O projeto de lei 114/2011, que dá autonomia
financeira de forma concreta e materializada às Defensorias, foi vetado pela
presidenta Dilma Roussef. Devemos encaminhar uma moção ao Congresso Nacional
pela derrubada do veto”, defendeu.
Sérgio Barreto destacou a importância dos defensores públicos |
O defensor geral, Raimundo
Veiga, agradeceu a indicação da vereadora Emília Correa e explanou as
dificuldades enfrentadas pela instituição com a carência de defensores
públicos. “A população recorre aos tribunais por acesso à justiça por não
contar com a assistência de um defensor público em algumas Comarcas. A
Defensoria tem inúmeras dificuldades em virtude da falta de defensores públicos
e nas ações que não contam com defensor público, o juiz nomeia um advogado
dativo e quem arca com a conta é a instituição”, disse.
Presença dos defensores públicos Antonio Carvalho, Leó Neto e Isabelle Peixoto |
Raimundo Veiga afirmou que a
Defensoria Pública prevê um gasto de R$ 2,5 milhões este ano para pagamento de
advogados dativos, designados pelo Poder Judiciário, para acompanhar os
processos judiciais de pessoas hipossuficientes. “É preciso criar cargos e
também promover a isonomia salarial entre o Ministério Público, Poder
Judiciário e a Defensoria Pública, uma vez que o salário do defensor público de
Sergipe é um dos menores do país. Esperamos que o governador Marcelo Déda
encaminhe o projeto de Lei à Assembleia Legislativa antes de encerrar o
mandato”, conclama.
Iran Barbosa defendeu uma boa estrutura para a Defensoria |
De acordo com o presidente da
Associação dos Defensores Públicos do Estado de Sergipe (Adpese), Sérgio
Barreto Morais, em 2014 o Brasil poderá entrar na lista negra das Organizações
das Nações Unidas (ONU) por dificultar o acesso à justiça. “São quase 1 milhão
de pessoas que não têm o sacrossanto direito de bater as portas do judiciário
para pedir alimentos, educação, saúde, entre outros garantidos por Lei. A
verdadeira democracia neste país passa pela administração da Defensoria Pública
e só haverá democracia quando atingir o patamar de uma justiça digna para
todos, mas os governos não estão sensíveis ao clamor popular. Os defensores
públicos são agentes de transformação social, capazes de transformar este país
e colocar a democracia na mesa do povo brasileiro. Não existe atividade humana
mais nobre e compensadora do que servir ao povo”, destacou.
Equipe da Defensoria |
O vereador Iran Barbosa (PT)
parabenizou a vereadora Emília Corrêa e disse que a Defensoria Pública é
tratada de forma pobre. “Uma sociedade tem seu direito judicializado, mas a
afetividade se concretiza pela lei e não apenas pelo direito.
Lamentavelmente, como a Defensoria Pública termina sendo tratada de forma pobre
por defender os pobres, há uma carência de estrutura, de defensores públicos. A
Defensoria é fundamental para que a sociedade avance, pois precisamos manter o
funcionamento da justiça, mas é preciso melhorar oferecendo condições dignas
para que os defensores públicos possam defender os direitos do cidadão carente.
Parabenizo Emília Correa pela iniciativa e os defensores públicos que, com
muita dificuldade, cumprem o seu papel. A Câmara é parceira na busca dessas
demandas que estão sendo colocadas de forma justa e legítima”, enfatizou.
Para o vereador Agamenon
Sobral, a lei que determina que o estado deve ter somente 100 defensores
está ultrapassada e deve ser repensada. “Desde a sua aprovação em 1995, a
população sergipana já aumentou. Quando essa lei foi implantada no nosso estado
a nossa população não chegava a um milhão de habitantes. É preciso fazer algo
urgentemente, pois a população está sendo penalizada pelo déficit desses
profissionais”, apontou.
“Infelizmente, a gente sabe que
a grande maioria dos cidadãos brasileiros não conhece os seus direitos.
Diariamente acontecem situações em que os diretos do cidadão são lesados por
pessoas que abusam do poder, da autoridade. É importante trazer para a
sociedade a sociedade o conhecer dos seus direitos”, frisou o vereador
Lucas Aribé (PSB).
O subdefensor geral, Jesus
Jairo Lacerda, lembrou que o judiciário e o Ministério público avançaram,
mas a Defensoria estagnou. “Hoje a Defensoria não pode cobrir todo o interior
por falta de profissionais. Temos casos de pessoas que chegaram a vender a
própria casa para custear um advogado, quando esse trabalho poderia ser
realizado por um defensor público se houvessem profissionais em todos os
municípios. A Defensoria é procurada para prestar um serviço, mas não
consegue aumentar o seu quadro e hoje contamos com apenas 84 defensores,
pois muitos já se aposentaram”, lamenta.
Débora Matos c/ informações da Infonet e Cmaju
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentem aqui!