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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Jackson Barreto: para onde ele vai? :: Por José Lima Santana


O sonho de todo político é, obviamente, chegar ao topo. Aliás, esse é o sonho de todo mundo que tem certos ideais e luta para vê-los concretizados. Jackson Barreto sempre almejou o topo da vida política sergipana. Andou perto de chegar lá, em 1994. Passou raspando. Ele chegará em 2014? Ao que parece, os seus principais aliados o estão fritando em fogo brando. 


Jackson era, até pouco tempo, o braço direito de Marcelo Déda, na condução dos afazeres políticos e administrativos. Mais daqueles do que destes, embora, com a enfermidade do governador, JB passou a ter uma participação maior nas decisões administrativas, ao menos nas do dia a dia. De repente, contudo, isso mudou. O governador instituiu uma equipe de governança, para atuar nas suas ausências do Estado. E o vice-governador? Foi para o espaço. Ou melhor, voltou para o estreito espaço reservado aos vices indesejados. Indesejados?


Jackson Barreto tem um temperamento um tanto quanto difícil, dizem certos políticos. Ele sempre foi criticado por alguns pelo fato de não poder ver sombra ao seu redor. Outros o acusam de ingratidão. E ele chama determinados políticos de traidores. Estes são os que, um dia, orbitaram em torno dele. JB já cometeu alguns equívocos. E já passou por poucas e boas. É verdade que santo ele não é. E há políticos santos? Du-vi-d-o-do! Há, sim, bons políticos, em termos. Mas, santos...!

Quem, hoje, aposta na candidatura de Jackson a governador, em 2014, com o apoio do PT e do PSB? Como sempre diz o comentarista esportivo Wellington Elias, eu darei um picolé de graviola a quem acreditar nessa candidatura. Só se ocorrer um milagre. Ele não é, hoje (se é que foi algum dia), o candidato preferido por esses dois partidos para se defrontar com Eduardo Amorim, cuja candidatura é mais certa do que dois mais dois são quatro. E ainda se fala por aí numa possível candidatura de João Alves. Será? As conversas rolam. E se for, o bicho pode pegar. Jackson não agrada aos próceres do PT? Não agrada a Valadares, que comanda sozinho o PSB? JB, aparentemente, está mesmo frito. Em frigideira sem óleo. Aparentemente.

Pintem JB com as cores que quiserem. Os adversários dele podem até pintá-lo – e pintam! – com cores as mais diversas. Afinal, adversários costumam fazer isso, de lado a lado. Todavia, os seus aliados, que, um dia, o puseram para fora do Palácio Inácio Barbosa, devem, em surdina, pintá-lo com cores sem brilho. E, nisso, cometem uma grande injustiça, quando se considera o que ele representou, ao longo de muitos anos, para as chamadas forças de oposição ao status quo político sergipano situacionista, durante parte do período militar e depois dele. Nenhuma fase foi mais emblemática para a liderança política de JB, do que o período que se estendeu de 1985 a 1994. Mesmo sofrendo o afastamento do comando do Executivo aracajuano, em 1987, ele se reergueu elegendo Paixão como prefeito e elegendo-se vereador com uma votação assombrosa, em 1988, para, quatro anos depois, voltar à Prefeitura, de onde saiu para tentar eleger-se governador, como foi dito e todos o sabem. 

Se JB não tivesse sido candidato a governador em 1994, o que teria acontecido com “as oposições” ao governo do Estado, então sob o comando de João Alves, que apoiou Albano Franco, e que seria o eleito? Jackson aglutinou os dispersos. E tinha gente até mesmo em casa, sem mandato e sem perspectiva, à primeira vista. Jackson perdeu o governo do Estado, mas ajudou a alavancar as candidaturas de Valadares e Zé Eduardo, ao Senado Federal, que se elegeram, além de as oposições terem vibrado com a eleição de Marcelo Déda para deputado federal, depois do seu fiasco na tentativa de reeleição para deputado estadual, em 1990, quando obteve apenas cerca de 10% dos votos obtidos em 1986, ao tornar-se o deputado mais votado. O nome de JB e a sua candidatura causaram um grande “auê” naquele pleito. Os aliados que atualmente parecem fritá-lo foram os grandes beneficiados em 1994. E só JB sambou. Nas últimas e sucessivas eleições Jackson fez muito pelo bloco hoje situacionista, no Estado, quer nas articulações, quer botando a boca no trombone contra os adversários, às vezes de forma exagerada. Como retribuição, não merece ser fritado, como aparenta estar sendo. Mas a ele só resta engolir sapos, neste momento. Calado.

Goste-se ou não de Jackson Barreto, ele merece o respeito dos seus aliados. No mínimo. Eles devem isso a JB. Jackson pode ser visto como um diabo pelos adversários, pelos eleitores dos Amorim, agora, e pelos eleitores de João Alves, por exemplo. Nada mais natural. Todavia, os aliados dele não têm o direito de também assim o enxergar e o tratar. Pelo contrário. 

Política é acima de tudo circunstâncias. No momento, Valadares, que acaba de declarar que JB é o candidato, pode estar mexendo seus pauzinhos, a fim de que o Diretório Nacional do seu Partido “exija” a sua candidatura a governador, formando um palanque para Eduardo Campos, se este for mesmo candidato à Presidência da República como se apregoa? Pode, sim. Valadares é um dos sergipanos mais afeitos às tramas políticas. Sabe, como ninguém, mover-se no tabuleiro dos conchavos e dos cochichos. Não é à toa que tem 3 mandatos sucessivos no Senado, pelo voto direto. Entretanto, se Campos for candidato contra Dilma ou Lula, o PT sergipano apoiará Valadares? É certo que não. Eu acho, todavia, que a falada pré-candidatura do governador de Pernambuco ao Planalto não passa de balão de ensaio, para que ele venha a ocupar a vaga de Temer, na vice. Logo, JB ainda tem chance. E tudo dependerá também dos acertos e conchavos que serão feitos, primeiramente, em Brasília, pelos mais diversos partidos. JB será um bom candidato para tentar bater a “máquina eleitoral” (?) dos Amorim? Basta dar corda a ele. O que se vê, ao contrário, é alguém tirar a corda, puxar o tapete, fritar JB. Repito: ele não merece passar por isso. Ele merece, sim, respeito dos seus aliados. Mas tem gente do lado dele que só pensa no próprio umbigo. Aliás, é o mal de muitos políticos. De muitos...

Como nos ares da política as nuvens se formam de repente, causando chuvas e até tempestades, e, do mesmo modo, se dissipam, vamos esperar para ver o que acontecerá. Tem muita água de enxurrada para rolar rio abaixo.

José Lima Santana (*)

(*) Advogado. Mestre em Direito. Professor do Curso de Direito da UFS. Membro da Academia Sergipana de Letras e do IHGSE.
jlsantana@bol.com.br


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