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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Inflação de preços: A luta pelos corações e mentes ou a verdade subtraída


De todos os temas que poderiam ser suscitados na próxima campanha presidencial de 2014, diante da grande aprovação do governo central, além do tema da corrupção, com recorrência e revisitas ao apelidado "escândalo do mensalão", como forma de garantir o apoio da falsa moralista classe média brasileira, falso moralismo que foi competentemente tratado por ninguém menos que Nelson Rodrigues nas suas obras viscerais,  a grande mídia usa também como trunfo o sazonal ressurgimento da inflação, dando lhe tratamento catastrófico, disseminando o medo na população,  buscando assim, além de ganhar os corações e mentes dos cidadãos de classe média, também o apoio dos grandes contingentes dos pobres assalariados para eleição de um presidente, fabricado ao feitio dos  seus próprios interesses e dos seus aliados, daqueles que se colocam à direita do espectro político. Pois, sabem bem que a exemplo de 1989,  com a subtração ou transmutação da verdade se pode "fabricar" um presidente.


De fato, nos últimos meses, a população mais pobre cujo principal meio de informação é a televisão está exposta a uma dose maciça de informação sobre o crescimento da inflação, o aumento dos preços da cebola e tomate e os riscos da perda do poder de compra dos salários.

Entre uma telenovela e outra, entre um programa de esportes e outro o que se assiste e ouve são os interlocutores do grande capital, dos especuladores e dos rentistas, incrustados nas emissoras dos canais abertos de televisão anunciaram a grande catástrofe da inflação, a necessidade de aumento da taxa de juros e, ainda, como receita para desaceleração da pressão inflacionária decorrente do aumento da demanda, o retorno do desemprego e o fim de aumentos reais de salário.

O que é significativo nas campanhas da grande mídia contra o retorno da inflação não é tanto o que falam acerca do aumento dos preços, mas o que omitem em relação à receita de combate a inflação e o seu verdadeiro interesse.

A verdade de que se cogita em cada uma das notícias que divulga o aparente descontrole dos preços é a verdade das oportunidades ou do oportunismo. No caso do combate ao retorno da espiral inflacionária pela grande mídia, há um combate pela conquista dos corações e mentes no sentido da desmoralização e descrédito do governo central, o que se busca na verdade é, utilizando-se do discurso de incompetência do governo no controle de preços, beneficiar os rentistas, os especuladores de sempre que se viram frustrados na sua ânsia de ganhos, com a redução da taxa de retorno de investimentos não produtivos, em decorrência da drástica política de redução das taxas de juros operacionalizada pelo governo central.

De fato, para aqueles cujo poder aquisitivo é limitado pelo salário o retorno da espiral inflacionária é desastroso. Não obstante, o combate da grande mídia não guarda qualquer interesse na defesa da população cujo poder aquisitivo é baixo, visto que a receita endossada é do aumento da taxa de juros e incentivo ao desemprego como forma de desacelerar a demanda.

Efetivamente, o discurso de defesa dos assalariados na denuncia do aumento de preços é na verdade um eufemismo, uma vez que a grande mídia perfilha ao lado dos especuladores que tiveram interesses contrariados e buscam a eleição de governante que atenda seus interesses, para isso o que convém não é a verdade, mas a mentira. O dilema que se apresenta é como mentir ao povo sobre a aparência de se dizer verdades.

Henrik Ibsen, um grande dramaturgo Escandinavo, em das suas peças, " O Pato Selvagem", em paráfrase livre,  afirma que para determinadas causas são válidas as "mentiras vitais", mentiras que uma vez viessem a ser desmascaradas, trariam danos às convenções estabelecidas. Assim, a "mentira vital" aconselha que na divulgação de fatos verdadeiros, aquele que os divulgue em um determinado ponto, seja parcial, ou seja, divulgue a verdade no seu inteiro teor, sob pena de não atingir o seu intento, qual seja, o engodo. No caso da inflação de preços, a divulgação diuturnamente da problemática pela mídia, além do objetivo de assegurar a eleição de governante do interesse dos especuladores, tem, por outro lado, o objetivo de desencadear o descontrole da inflação em benefício desses mesmos especuladores, os quais ganhariam com o aumento das taxas de juros e com o desemprego.

Em lugar de combater o monstrengo da inflação, a grande mídia, alinhada com os interesses dos especuladores e da Direito política busca é a incorporação psicológica das massas na aquiescência com um projeto político e econômico que é favorável aos poderosos e, a contrário senso, adverso aos interesses dessas próprias massas iludidas pela empulhação.

Sem embargo, a propaganda da grande mídia explicita imagens negativas de um governo que é bem avaliado, sob o mote de que o modelo econômico adotado não tem como paradigma o planejamento macroeconômico, mas sim o dirigismo, a indevida intervenção  na atividade econômica, em prejuízo da livre iniciativa,  através de um cipoal de leis que impõe restrição ao lucro. O discurso guarda semelhança com aquele discurso de parte do Partido Republicano dos Estados Unidos em desfavor do Governo de Barack Obama, que inclusive, é acusado de ser socialista.

Os detratores da política econômica anti-cíclica, não monetarista, adotada pelo atual governo brasileiro, olvidam que o liberalismo econômico na forma inaugurada por Adam Smith, em que se tinha  a "mão invisível"  do mercado como única reguladora do mercado, desapareceu desde a grande crise de 1929. Esquecem, ainda,  por conveniência ou esperteza, que não obstante o apregoado pelo chamado "pai da economia moderna", em "A Riqueza das Nações", o liberalismo econômico jamais foi de fato liberal como na forma idealizada pelo Autor, senão em favor dos poderosos da Inglaterra da época. Efetivamente, o favorecimento da Coroa aos capitalistas, inclusive, como  um cipoal de Leis, edição de Regulamentos e  Leis de confisco de terras de camponeses , normas de perseguição àqueles que expropriados das suas terras se tornavam mendigos, decretos de submissão de chamados "vagabundos" a trabalhos forçados nas fábricas nascentes ou à pena de morte por vadiagem, além do incentivo as operações de pilhagens e pirataria a navios de Espanha, França e Holanda, ações de intervenção da atividade econômica  pouco diferem das ações de espoliação e especulação adotadas ou defendidas por ideólogos do liberalismo  de nossa época, e que de fato favoreceram a acumulação de capitais e nascimento do capitalismo em solo Inglês.

De fato o que buscam aqueles que travestem ou subtraem a verdade nas divulgações de notícias sobre a inflação de preços no atual momento, no caso a grande mídia, como seus articulistas, é afastar o Estado da coordenação de uma política econômica menos letal aos interesses dos não detentores de Capital, no caso, a massa dos assalariados, visto que, inclusive,  descaradamente, prescrevem o DESEMPREGO como antídoto da inflação, uma vez que com o desemprego é possível a  redução de ganhos da massa salarial e ampliação da margem de lucro; retornando-se assim ao modelo neoliberal proposto por economistas como Frederick August von Hayek, o austríaco, grande pensador e ideólogo do anarquismo econômico e político de direita   e Milton Friedman, o monetarista ideólogo do governo de Ronald Regan, modelo que foi introduzido no Brasil por Fernando Collor, seguido pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso.   

Esquecem, no entanto, os defensores do anarquismo econômico e político de direita , também chamado de Neoliberalismo, fim da história e outros nomes pomposos, que não mais vivemos a conjuntura política e econômica que possibilitou o advento de tais governos, como se pode também aferir das notícias divulgadas acerca da falência da velha Europa, com o recrudescimento da fome, do desemprego e do Fascismo.


MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA, Defensor Público,  Coordenador do Núcleo de Defesa de Direitos Humanos e Promoção da Inclusão Social da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, possui formação a nível médio de Técnico em Contabilidade, Bacharel em Direito pela UESC. Desde meados nos anos 70 até o final década de 1990 do século passado exerceu a profissão de comerciário. A  partir da década de 70, quando dos adventos dos movimentos de combate à ditadura, contra a carestia  e pela anistia,  até    o começo dos anos 2000, conjugou militância política com atividades sindicais  no município de Feira de Santana.  Também Flertou com a Teologia da Libertação, intentando ingressar na Ordem dos Missionários Combonianos. E-MAIL: migueladvocate@folha.com.br

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