FOLHA DE NOTÍCIAS - JORNALISMO COM CREDIBILIDADE - FIQUE POR DENTRO DE TUDO QUE ACONTECE EM SERGIPE E TODO PAÍS !

quinta-feira, 4 de julho de 2013

COOPTAÇÃO E AUTOFAGIA - AS LIÇÕES DA HISTÓRIA




É fato que com a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao governo, à condução da administração dos negócios do Estado central, por força de eleições no marco da democracia liberal, o Partido do Trabalhadores que anteriormente já havia feito depuração de setores que considerava indesejáveis, aqueles da chamada extrema esquerda, avançando em direção ao centro político, tratou de cooptar e atrair para órbita do governo, da administração central os movimentos sociais. Assim, a CUT, a Força Sindical, o MST, a UNE e quase todos os setores do movimento social passaram a se confundir com o próprio governo, sem autonomia, foi completamente diluído o espaço para o contraponto e para crítica que devem exercer os movimentos sociais.


             
Há não ser os estratos reacionários da Direita , os segmentos de esquerda que foram expurgados ou saíram voluntariamente  e  esquerda católica que se afastou do Partido  em razão da opção centrista, houve um adesão das forças as mais díspares ao governo petista.

Não obstante, embora tenha se afastado da sua concepção original de construção do socialismo, ainda assim o Partido permaneceu mais ou menos reformista, o governo sob a direção do PT, efetivamente, promoveu transformações que tornaram a nossa sociedade mais igual, com por exemplo, a adoção das cotas raciais, a expansão do ensino superior, o programa de complementação de renda para as famílias miseráveis, o chamado bolsa família.
            
Indubitavelmente, que todas essas transformações reformistas causaram espanto e preocupação das forças mais retrógradas  e reacionárias da sociedade, aquelas que sempre pretenderam o monopólio do domínio do Estado, as reservas dos espaços nas Universidades Públicas e privadas para os seus próceres, além de nichos exclusivos de consumo que as tornassem diferentes das maiorias e fossem os únicos a freqüentarem os shoppings centeres.
            
Malgrado, não confessem publicamente, existe um ressentimento, uma mágoa, um desejo de vingança de todas essas forças contrariadas pelo reformismo petista e por isso difamam e querem desmantelar o governo e barrar toda e qualquer forma de avanço democrático, para que permaneça o seu status quo,  o Establishment, que sempre lhes garantiu o domínio social e ideológico da sociedade. São forças partidárias de Direita que compõem o próprio governo de coalizão, são forças da sociedade conservadora, são a grande mídia.
            
Todas essas forças, apesar do inconformismo, embora em permanente atividade de propaganda reacionária, uma vez que sabem, todas elas, que com a manipulação da opinião pública podem obter êxito nas suas pretensões regressivas, até então não tinham tido espaço e oportunidade para empreender sua caminhada no sentido da destruição de todas as poucas conquistas e transformações reformistas que lhes tirou o monopólio dos espaços nas universidades, que cortou os grilhões que faziam com que os sem renda, os miseráveis sem um programa de renda mínima  se tornassem seus escravos permanentes, sejam nas suas cozinhas, sejam nas suas fazendas.
            
Acontece que, as forças da reação são de uma esperteza inquestionável, ao passo que os se dizem progressistas parecem que nunca aprendem com os erros. De fato, é esse quadro que se nos parece estar a acontecer na presente quadra.  O Movimento Passe Livre, uma agrupamento de esquerda, formado por militantes de pequenos partido da esquerda Trotskista, PSTU, PSOL e PCO, além do PCB, esse stalinista, no inicio da administração petista na prefeitura de São Paulo, do governo do prefeito Fernando Haddad como já faziam, anteriormente, em outras administrações conservadoras, se levantaram contra os aumentos das passagens de transportes coletivos urbanos, a pauta de suas reivindicações era a da gratuidade do transporte, bem articulados, tomaram as ruas, e as forças da reação que esperavam uma brecha para imporem sua pautas regressistas não viram melhor momento.
            
De inicio as manifestações eram contra o aumento das passagens dos transportes coletivos, primeiro em Porto Alegre, depois em São Paulo, um processo desencadeado pela esquerda, a chamada extrema-esquerda; em torno do MPL, que pretendiam avanços nas transformações democráticas, como por exemplo, a estatização e gratuidade dos transportes públicos, transformações de se digam são de natureza socialista, portanto, de difícil adoção nos marcos de sistema capitalista, visto que pensam  que as mudanças vêm ocorrendo a passos de cágado na sociedade brasileira, que se tratam na verdade da consolidação da hegemonia da burguesia capitalista.

            
No entanto, por oportunismo, somado ao imobilismo dos movimentos sociais cooptados pelo Governo central e engessados na capacidade de serem  eles a  imporem uma pauta de transformações do país que não se confundissem com as opções administrativas do governo, o processo foi apropriado pelas forças reacionárias, uma vez que possuem o poderoso instrumento da mídia, verdadeiro partido de oposição à Direita, para manipular a opinião pública.
            
A História não se cansa de nos dar lições, embora parecemos não querer apreender, estamos mais uma vez diante uma situação de autofagia, quando por erro de cálculo forças de esquerda dão munição para que as forças da reação promovam o seu próprio esmagamento.
            
Nunca é bom deixar de lembrar que a destruição da República de Weimar,  que quadrava enormes características com o atual governo petista, até mesmo pelas forças de coalizão que o compõem, exceto o corpo de intelectuais, visto que o regime de Weimar tinha por exemplo o auxílio de Max Weber, e o nosso é pobre de cabeças pensantes.
            
A derrocada do regime de Weimar se inicia com o isolamento e defenestração das forças revolucionárias de esquerda, com o predomínio de reformista,  que se seguiu  com a prisão e execução  de Rosa Luxemburgo e Karl  Liebknecht, por  antigos companheiros de partido.
            
De fato,  um processo autofágico no campo da Esquerda, completamente dividida entre revolucionários e reformistas, em um momento em que a  economia alemã se encontrava fragilizada, um período de surto inflacionário e de desemprego em alta, o que permitiu o sucesso da propaganda anti-partidos, o anti-comunismo, o avanço do moralismo hipócrita, o nacionalismo, o racismo, os quais conduziram o Nazismo ao poder. 
Importante ressaltar que para o campo marxista até então majoritário, o processo autofágico que se implantou com a República de Weimar, o combate dos marxistas revolucionários pelos reformistas que conduziu a revolução socialista alemã à derrota e, por conseguinte, a derrota da revolução socialista no ocidente, uma vez que aprisionada no bolchevismo russo.
            
Sem sombras de dúvidas,  no aspecto político, o atual quadro de manifestações de suposta insatisfação, gerado pela propaganda ideológica disfarçada de jornalismo,  guarda semelhanças com momentos históricos como o que antecederam o fim da República de Weimar no qual a efervescência da propaganda reacionária, somado ao   imobilismo dos setores organizados da sociedade em decorrência do engessamento dos movimentos sociais pelo governo reformista e a autofagia seguida da derrota histórica e até extermínio da Esquerda revolucionária possibilitou a ascensão da Direita ao poder, com  trágicas conseqüências.
            
De fato, a apropriação das manifestações que foram desencadeadas pela extrema esquerda pelas forças de Direita, sua pauta conservadora, visto que não propõem uma pauta verdadeiramente transformadora e democrática como a implementação da REFORMA URBANA, com a democratização do espaço urbano, inclusive no aspecto da mobilidade e, ainda, com fim da especulação imobiliária; a efetivação da REFORMA AGRÁRIA, com a adoção dom sistema de cooperativas rurais para inserir as pequenas propriedades no âmbito do capitalismo vigente, possibilitando a concorrência com o agronegócio;  a implementação dos dispositivos constitucionais para DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA mitigando os efeitos danosos da concentração monopolista; o FORTALECIMENTO DO SUS para garantia de acesso à saúde pública e minorar os efeitos danosos da medicina comercial ;  o CONTROLE do MINISTÉRIO PÚBLICO e das DEFENSORIAS PÚBLICAS através de Conselhos e/ou de Ouvidorias autônomas, visto se fazer necessário maior transparência nas ações dos membros destes entidades; uma efetiva REFORMA DO SISTEMA POLÍTICO, conforme o proposto pela Presidenta Dilma, com adoção da fidelidade partidária, fim de coligações, voto distrital misto, semelhantemente ao sistema alemão ou belga, fim da reeleição, financiamento público de campanha, mandato de cinco anos para os cargos majoritários e reunião das eleições municipais e estaduais em determinada data e eleições presidenciais e de deputados federais e de 1/3 dos senadores em uma outra data, além de uma REFORMA EDUCACIONAL para melhoria da qualidade gerencial do ensino público e extirpação do câncer do ensino privado, verdadeiro negócio.

Inequivocamente, o que advém das ruas, dos setores médios da sociedade, são  vociferação de mantras contra o BOLSA FAMÍLIA, CONTRA OS PARTIDOS, CONTRA A CORRUPÇÃO, FIM DA VIOLÊNCIA CRIMINAL E CONTRA A INFLAÇÃO SUPOSTAMETE DESCONTROLADA e por aí vão, tudo em concertação com os órgãos de imprensa que desencadearão um processo de enfrentamento e desconstrução de uma democracia inclusiva .

Além de não possuírem quaisquer boas intenções de mudanças, a não ser pescarem em águas turvas, os direitistas, sobretudo aqueles incrustados nos órgãos da grande mídia,  que seqüestraram o movimento desencadeado de MPL, que se diga por se voltar contra uma administração municipal petista, a do Prefeito Fernado Haddad, menos centrista que a própria administração do governo central foi autofágico.

O fato de usarem de  violência física, espancamento e até apedrejamento contra  militantes dos partidos esquerda, poupando só aqueles dos partidos da Direita, somada a queima de bandeiras de partidos de esquerda e de movimentos sociais como MOVIMENTO NEGRO e MST, em São Paulo, Goiânia,  Rio de Janeiro e outras praças,  deixa às claras os métodos e revela as verdadeiras intenções fascistas de parte dos que engrossaram as manifestações.

Nos parece que foi a deixa, a oportunidade para em contraponto a pauta conservadora, os movimentos sociais, uma vez se desgarrando do governo, colocarem na ordem do dia uma pauta democrática,  inclusive, apoiando inexoravelmente a REFORMA POLÍTICA,  opondo óbice a marcha que pode bem sucedida da regressão, da ascensão do TEA PARTY brasileiro na direção da reversão de todas as conquistas das massas na última década.


MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA, Defensor Público titular da Primeira Defensoria Pública do Estado de Sergipe,  Coordenador do Núcleo de Defesa de Direitos Humanos e Promoção da Inclusão Social da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, possui formação a nível médio de Técnico em Contabilidade, E-MAIL: migueladvocate@folha.com.br  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem aqui!